A ESCOLA BÍBLICA CRIATIVA

I. COMO MOTIVAR SEUS ALUNOS
Motivação é interesse e vigor físico para alcançar um objetivo ou para fazer alguma coisa. Para estudar e entender a motivação dos alunos, devemos descobrir o que os motiva.
 Exemplos:
A promessa de um dia de folga após passar no exame foi a motivação que fez com que todos estudassem e passassem (neste caso, pode-se entender motivação como incentivo).
Fala-se também que aquilo que o professor fala, o que faz, como apresenta a aula, pode e deve ser motivador ou causar motivação.

MOTIVAÇÃO = vigor físico + interesse + objetivo ou enfoque

O aluno motivado é o aluno que presta atenção, faz o trabalho, participa nas atividades da classe, quer saber mais e, geralmente, não causa problemas. O contrário de motivação é apatia, preguiça ou falta de interesse.
A motivação é importante no ensino porque leva o aluno a responder. Ela desperta curiosidade e provoca respostas, as quais darão oportunidade para serem premiadas e mudar o comportamento do aluno, seja nos estudos ou em outras atividades. O aluno motivado começa a participar, envolver-se e aprender mais.

Gostaríamos de enfatizar a importância da motivação com respeito à disciplina. Uma classe onde os alunos estão motivados a aprender e a participar é uma classe de poucos problemas de disciplina. A motivação é uma chave importante para um ensino melhor e para manter a disciplina.

II.  FATORES DA MOTIVAÇÃO
Distinguem-se seis fatores essenciais de Motivação:

1.  NÍVEL DE ANTECIPAÇÃO OU TENSÃO

Refere-se ao nível de ansiedade ou preocupação do aluno. É fato comprovado que um aluno obterá melhores resultados numa prova ao sentir-se pressionado (tensão nervosa) do que se não sentir pressão alguma. Exemplo:
Se o professor disser: "Depois desta lição vou dar um teste que vai valer nota", a maioria dos alunos irá prestar mais atenção e irá memorizar melhor a matéria do que se o professor não disser nada.

Certa quantidade de pressão ou preocupação é necessária para haver motivação para aprender. A pessoa preguiçosa não será um bom cristão, nem pastor ou professor.
A ânsia sentida deve ser moderada ou poderá tomar a energia necessária para estudar e aprender.
Existem também casos em que os alunos estão sob tanta pressão que não podem trabalhar direito. Nesse caso o professor deve diminuir a tensão ou acalmar o aluno.
O professor deve conhecer seus alunos para saber em que nível de tensão está cada um deles. Deve também incentivar os alunos a estudarem mais, especialmente a Bíblia:
Exemplo 1:
(Lição - Introdução à Bíblia):
Um professor entra e fala: "A semana passada falamos de forma geral sobre as profecias que se cumpriram. Hoje vamos verificar biblicamente que Jesus Cristo era (é) o verdadeiro Messias".
O professor explica como isto é importante: "Vamos nos dividir em grupos de cinco e cada grupo terá como objetivo procurar, no mínimo, cinco profecias no Velho Testamento que, cumpridas por Jesus, comprovam sua identidade. Após isso, cada grupo preparará um resumo para ser compartilhado com a classe na segunda hora do ensino".
O professor distribui uma folha de instrução juntamente com livros e com outros recursos para realizar a pesquisa. Ele deve fazer exigências aos alunos, impor-lhes responsabilidades. Isto causa pressão. Também exige de si mesmo.
Exemplo 2:
O professor entra e fala: "Prestem atenção: na próxima semana vocês farão um teste sobre tudo o que vou falar hoje. Darei dicas indicando os pontos mais importantes, mas anotem tudo o que for possível".
Em ambos os exemplos os alunos percebem a necessidade de se envolverem e prepararem-se para obter uma boa nota.

2.  INTERESSE INDIVIDUAL

O professor deve demonstrar seu interesse por cada aluno; interesse em cada um deles como um indivíduo diferente. Deve demonstrar interesse em seu sucesso, compartilhando sua fé na capacidade de cada um. Ele faz com que eles percebam que se sua atenção é sincera, convencendo-os que está à espera de que todos aprendam e passem. Isto somente é possível se o professor tiver boa vontade de dar seu tempo e se comunicar eficientemente. Esse respeito pelos alunos será correspondido.

Outras maneiras de expressar interesse pessoal através do ensino:
* Mantenha contato individual através dos olhos.
* Mude de posição e mova-se (não fique em um só lugar).
* Use um tom de voz agradável, expressivo e que possa ser facilmente ouvido.
* Utilize ilustrações e audiovisuais com cores e desenhos.
* Varie sua maneira de ensinar.
* Faça planos para aplicar as modalidades visual, auditiva e tátil de ensino.
* Dê oportunidade para os alunos usarem todas as modalidades ao se expressarem.
* Faça provisão para alunos que tenham necessidades especiais, lembrando que todos somos diferentes.
Dê oportunidade para todos responderem.
Dê oportunidade para todos expressarem sucesso.
Dê oportunidade para discussão, debate e trabalhos em grupo.
Estas formas de incentivo ou motivação mantém o interesse dos alunos, mas, além disso, o conteúdo da lição tem que ser apropriado para as suas idades. Por natureza, o conteúdo da lição nem sempre é interessante para os alunos, porém é dever do professor criar uma aula interessante. Para cumprir com este dever o professor precisa conhecer muito bem seus alunos e diversificar suas estratégias de ensino.
Freqüentemente considera-se que interesse e motivação sejam similares. Se uma pessoa se interessar por um trabalho, vai estar mais motivada a completá-lo. No entanto, somente interesse não é suficiente, é preciso realizar o objetivo.
Todos os aspectos de motivação influem no desenvolvimento do interesse. Outras variáveis incluídas são a personalidade do aluno e o conteúdo apresentado.

3.  TOM AFETIVO OU SENSIBILIDADE DO PROFESSOR PARA COM OS ALUNOS (clima da sala de aula)

O afeto do professor, a sua sensibilidade e a maneira de se comunicar vão influenciar o modo de agir dos alunos. Se o professor se expressa de forma agradável ou de forma dura, criará mais motivação no aluno do que um ambiente neutro. Contudo, tal expressão deve ser moderada; nem amigável demais, nem exageradamente dura. O afeto refere-se a atitudes e sentimentos expressados ou presentes no ambiente.
Sua maneira de ser, atuar e falar é muito significativa. O professor pode ser frio, distante, desinteressado ou pode ser alegre, amável e se interessar pessoal e individualmente pelos alunos. Também a sala pode ser fria, sem nenhuma decoração, ou pode ter avisos, quadros, plantas, animais e trabalhos artísticos. Isto vai afetar os sentimentos e atitudes dos alunos.
Um ambiente frio e triste não produz motivação para aprender. A sala deve ter cores e decorações para criar um ambiente de aceitação. Em uma classe cristã há muitas oportunidades de ilustrar a vida de Jesus e a vida de um cristão.

Por "tom afetivo" não devemos entender que o professor deva se comportar como um aluno, ou que não exija respeito. Você pode ser muito amável e até amigável, sem se pôr a brincar com eles.

4.  SUCESSO (êxito)
O aluno deve sentir e saber que está obtendo sucesso para querer continuar. O professor tem a responsabilidade de ensinar. Isso significa mudar a condição do aluno para que ele melhore o seu nível de conhecimento.
O aluno tem que se esforçar de acordo com o grau de dificuldade. Na realidade, o grau de esforço individual do aluno está muito ligado à motivação que ele experimenta na aula.
O ensino não deve ser difícil demais nem fácil demais. Deve ser de valor para o aluno. Deve-se ensinar alguma coisa nova e que seja fácil de entender.
Alguns alunos não aprendem por causa de suas atitudes. Geralmente isso reflete um problema pessoal que, por sua vez, tende a refletir um problema familiar. É responsabilidade do professor mudar a atitude negativa (não produtiva) dando muitas oportunidades para que este aluno tenha êxito no que faz. Pode designar trabalhos mais curtos e em seu nível de compreensão. Deve premiá-lo pelas coisas que pode fazer bem. É importante que ele aprenda a gostar de aprender e da escola, senão não terá motivação para aprender. A atitude do estudante para consigo mesmo é muito importante, ele tem que saber que pode aprender (com a ajuda de Jesus). Muitas das atitudes negativas, como a falta de motivação e outros problemas, simplesmente desaparecem quando o aluno recebe a Jesus.

5.  CONHECIMENTO DE RESULTADOS

É importante para o aluno saber que os seus esforços são recompensados. O professor deve corrigir e devolver os trabalhos com comentários, sempre que possível. O aluno também precisa saber em que precisa melhorar para passar. Só saber se passou ou não após terminar o curso não dá motivação nem oportunidade para melhorar a nota durante o curso.
O aluno precisa saber se as suas respostas estão corretas ou não.
O conhecimento deve ser claro.
A informação deve ser dada imediatamente após cada trabalho ou teste, ou o mais rápido possível.
O professor deve se comunicar com os alunos depois da aula com regularidade. Pode falar com quatro ou cinco deles após cada aula, mostrando suas respectivas notas, falando a respeito dos trabalhos e como eles poderão melhorar.
Deve também dar testes regularmente para ampliar o conhecimento deles e abrir oportunidade para ajudar, começando na primeira parte do curso.

6.  RELAÇÃO ENTRE REFORÇO E MOTIVAÇÃO

O reforço deve vir imediatamente após uma atividade. Para criar motivação reforce a ação certa. Logo a pessoa vai repeti-la. Exemplo:
Se João bate o pênalti e faz gol e todos os seus companheiros o abraçam e gritam de felicidade, João certamente vai tentar fazer outros gols. Porém, se todos continuam sem dar atenção a João, certamente ele não vai se esforçar muito na próxima vez.
O professor deve premiar ou recompensar o aluno quando ele fizer alguma coisa boa. O aluno, pouco a pouco, descobre que quando sua atitude é boa (faz bom trabalho ou esforça-se para aprender) acaba recebendo a aprovação de outros alunos e do professor. O uso de reforço cria motivação no aluno.


III.  MOTIVAÇÃO TEM DINÂMICA

Cada ação do professor causa uma reação no aluno.
* O professor deve decidir qual ação irá usar para obter a reação que ele quer do aluno.
* O professor muda os reforços do ambiente para motivar os alunos (deve criar grupos, mudar de atividades, etc.).
* O professor deve criar e trazer materiais para motivar.
* O professor conhece seus alunos e os reforços aos quais eles respondem, por isso, usará reforço individualmente e em grupo.
* O entusiasmo do professor faz parte do ensino.
Podemos definir motivação de muitas maneiras, embora nunca esteja ausente a dinâmica: a motivação é criada pela maneira de ser e agir do professor. A motivação vem do ambiente, dos livros, dos materiais e de outros alunos. Também cada aluno traz uma motivação própria que precisa ser dirigida e nutrida. A motivação é uma chave importante para ter disciplina na classe. (O significado de disciplina é ordem ou comportamento ordenado e correto. Não estamos falando de castigo.)
* O professor deve motivar seus alunos conforme temos indicado. Quando o aluno está incentivado para aprender uma coisa específica, seu comportamento é correto. Ele se concentra no ensino ou no trabalho, sua atenção é dirigida e ele não se interessa mais por atrapalhar a aula ou comportar-se mal.
Nem sempre todo aluno vai responder ao reforço do professor e nem sempre vai ser fácil motivar todos os alunos. Às vezes, embora o professor faça tudo que está ao seu alcance para motivar os alunos, alguns deles não têm vontade nem curiosidade para aprender. Esperamos que isso nunca aconteça em uma escola bíblica, pois presume-se que os alunos ali estão por livre vontade e chamado de Deus.

SUGESTÃO: Anote as idéias sobre como pode fazer com que sua próxima aula seja mais interessante, mais motivadora. Escreva!
IV.  SUGESTÕES CRIATIVAS

Uma boa fixação do aprendizado se obtém não só com repetição, leitura, exposição sistemática, mas com métodos que estimulem a criatividade e o construtivismo. Isso é real na escola secular e na escola bíblica.
Quanto mais o aluno se envolve no processo de criação e construção, maior será o seu aproveitamento. Tem de ser algo íntimo e pessoal, que envolva de dentro para fora (fixação maior do aprendizado) e não só de fora para dentro (bases doutrinárias).
Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. O pecado nos logrou grande parte das características que herdamos de Deus.

Deus é criativo. Quando observamos a criação ainda hoje, vemos o poder de Deus e sua indescritível criatividade e construção perfeita e equilibrada. Observando as invenções humanas, as famosas, domésticas e sonhadoras artes e o poder de solucionar, criar e construir, sentimos os sinais do que já foi uma semelhança plena com Deus. Buscar assimilação e fixação do ensino através do criar e construir é no mínimo um caminho certo.

V.  OBJETIVO DA ESCOLA CRIATIVA


Criar ícones de ligação. O período que ficamos na escola bíblica é pequeno e os objetivos enormes. Seus objetivos não param em memorização de uma avalanche de conhecimento bíblico, mas visam mudança de hábitos, idéias e comportamentos através da atuação do Espírito Santo e atos de observação, repetição, construção e criação.
Temos que criar ligações que vão além do horário de classe.
Ícones são imagens fortes que se conseguem quando há total envolvimento e necessidade do objeto que o ícone simboliza. Ex.: McDonald's.
Ampliar o tempo da escola bíblica. Podemos conseguir isto patrocinando eventos numa gama enorme de variedades: palestras, confraternizações, campeonatos, feiras, etc.

Material utilizado na Oficina para Professores da Escola Bíblica - Msª. Célia Beltran - FATAP.
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